segunda-feira, junho 07, 2010

Lembro-me bem..

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 Estava sentado na calçada de frente pra sua casa. Todos os dias. A mesma hora. Era um garoto comun, de olhos castanhos, com um corpo não muito atlético, com cabelos lisos que dava inveja a qualquer mulher e  muito inteligente. Estava no segundo ano, tinha dezesseis anos e seu nome era Eduardo. Sempre quando passava de volta do colégio, ele estava lá. Sentado. Trocava a noite de curtição por estudos. Ou invés de estudos passava a maior parte da tarde e o começinho da noite em frente de sua casa. Morava quatro quadras depois da minha. Nunca tinha reparado muito nele. Não tinha muito amigos. Era antissocial.
Até que um dia de tanto nos vermos, ele falou comigo. Falou um 'olá', singelo, meio sem jeito. E eu devolvi-o com um sorriso, sem jeito.
Começamos a conversar. Me disse quase sua vida inteira. E eu só lhes disse uma parte da minha.
Depois desse dia, todos as vezes que voltava ficávamos conversando. Falávamos de tudo e senti que estava realmente apaixinada por ele. Ele me transmitia paz, me dava conselhos. Eu o amava.
Todos diziam que esse amor não tinha futuro, porque ele era muito esquisito, não muito bonito.
Começamos a namorar escondido. Não podia mais viver sem ele.
Minha mãe nos proíbiu de nos falármos. Sofri muito. E senti que ele me amava e sofria também. E então mamãe resolveu que iríamos mudar de cidade. Parecia que aquelas palavras entraram como um redemoinho no meu corpo, no meu coração, na minha alma. Não poderia estar aconteçendo...
-Como viverei sem o amor da minha vida? Não posso! Não tem como!
-Você irá sobreviver, minha filha. Essa paixonite passará rapidamente quando nos mudármos.
-Mas não quero ir mãe!
-Mas, não tem querer! Vamos embora.
E chagando na rodoviária, lá estava ele me esperando. Com o coração na mão. Parecia que tudo tinha acabado. E realmente, estava tudo acabado. Quando vi-o, corri para os seus braços, para dar o último abraço. E enquanto nos abraçávamos ele sussurrou no meu ouvido: Minha vida se resume no que eu passei com você! Eu te amo muito. Você é minha vida!
E então eu lhes disse exatamente o que ele me falou. Parecia que as palavras saíam como um sopro da minha boca. Não conseguia falar quase nada. Somente aquela frase. E então lhe disse adeus.
As lágrimas escorrigam. E fui embora.

Pauta para - 19° Edição conto/história - Bloinquês
Nota: 9.66 

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